quinta-feira, 28 de junho de 2012

O Sonho

O número de leitores do blog me surpreendeu essa semana, e eu decidi escrever um post mais pessoal, contando um pouco da minha história com a escrita. Em 1999, com 9 anos, eu escrevi meu primeiro poema em uma aula de português. Lembro que minha professora gostou, e disse que iria mandar para a comissão julgadora do livro anual da escola. Para minha surpresa, eu fui escolhida entre outros alunos para ter meu trabalho publicado em uma antologia. Aquela foi a primeira experiência que tive com a literatura, e sem exatamente saber o que aquilo significava, eu senti uma vontade imensa de continuar a escrever. Aos poucos descobri novas técnicas, novos caminhos, e maneiras de colocar minha alma no papel. Mesmo sem saber o que era escrever, a semente foi plantada com um poema simples, imitação de qualquer outro que tivesse lido aos 9 anos. Um sentimento que me mudou, e nunca mais permitiu que eu seguisse em frente sem deixar palavras para trás. Não é por acaso que meu primeiro poema se trata de sonhos. Obrigada a todos que acompanham o blog. 

Essa página foi escaneada do livro original:
Texto:
O sonho é uma coisa
que não pode se realizar,
o pensamento é outra coisa
que se pode sonhar...
O sonho é muito complicado
e deve ter algum significado.
Esse significado eu não sei,
eu só sei que
todo dia um sonho
a gente tem!

Essa é a capa do livro:

quinta-feira, 21 de junho de 2012

Melado


Ela gostava de melado pela manhã,
Ele fazia questão de contradizer.
Ela ignorava a discórdia,
E ria de si mesmo.
Ele contradisse até provar
Que estava errado.
E partiu da vida
Sem experimentar o melado.

Carla Medeiros


terça-feira, 19 de junho de 2012

Saudade


A saudade é a xícara de café
Doce e fumegante,
Em uma mesa distante,
Esperando por lábios
Que já se foram.

Carla Medeiros

sábado, 16 de junho de 2012

Uma noite de sono

A morte é a noite de sono
para a qual não levamos
um copo d'água
para a beira da cama.

Carla Medeiros

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Desejável


Ela se tornaria desejável
Se ele partisse.
“Serei mais agradável”,
Foi o que ela disse.
Ela insistiu.
Ele não partiu.
Ela quem encerrou a jornada
Sem que fosse desejada.
Ela sequer foi o que quis.
Ele ficou e foi feliz.

Carla Medeiros

domingo, 10 de junho de 2012

As cartas


As cartas que me escreveu
Ainda têm seu cheiro.
Sei que já não é meu,
Mas ainda espero pelo carteiro.

Carla Medeiros

sábado, 9 de junho de 2012

Amarelinha


A amarelinha que desenhei na infância
Ainda não se desfez.
A pedrinha me espera com ânsia
Em cima do número três.

Carla Medeiros

quarta-feira, 6 de junho de 2012

A espera



Esperamos tanto
Que passamos a gostar de fazê-lo.
E se deixar aqui ficamos,
Sem vontade e sem tempo.
Esperamos para fazer,
Fazemos por esperar.
Ansiosos andamos parados
Sem sequer sair do lugar.
Esperamos um amor,
Esperamos um erro,
Esperamos um mágoa,
Esperamos um abraço.
E no intervalo de toda espera,
Existe uma vida,
Que também espera
Por quem insiste em deixar de notá-la.


Carla Medeiros

sábado, 2 de junho de 2012

Dívida

Sou tomada por uma ansiedade,
Como se devesse algo ao universo.
Quem sabe realmente devo,
E quando não mais o fizer,
Não estarei aqui para celebrar o fim.
Mas a quem for paga a dívida,
O pensamento é eterno.
E a dívida é uma herança constante,
Paga para durar por mais de um instante.

Carla Medeiros