domingo, 27 de maio de 2012

Dias de riso


Quão admirável a tolerância dele
Para com ela.
A maneira como ele a veste
E a desveste
Sem esperar que ela o seduza.
Ele leva um prato de comida à sua boca,
Colher a colher.
Ela não fala nada, mas sorri com gratidão.
E os dias dele são assim.
Mas os dela são mais ainda.

Carla Medeiros


sábado, 12 de maio de 2012

Para mamãe


Se soubesse expressar todo meu amor
Não estaria lhe escrevendo.
Se apenas pudesse lhe mostrar o quanto a amo,
Não mais estaria lhe devendo.
Mas sei bem que amor não se explica;
É como tentar definir o poente,
Ou entender a dor de um doente.
Se antes de nascer soubesse que seu amor já existia,
Teria me enfeitado mais para minha chegada.
Quem sabe até escrito um discurso,
Apenas para que soubesse
Que seu amor é correspondido.
Se eu soubesse, mãe,
Uma maneira de ser uma filha à tua altura,
Precisaria de mais de nove meses
Para surpreendê-la.
Mas eu não sei,
Porque ser mãe é ser única.
E ser mãe como tu és, então,
É ser única dentre o que há de mais singular.
É por isso que poeta algum
Consegue encontrar algo
que a faça sorrir de tanto chorar.

Carla Medeiros

sexta-feira, 11 de maio de 2012

Seus olhos


Eu vejo seus olhos fixados nos meus,
reagindo inconscientemente ao meu carinho.
Sua pele toca a minha e eu hesito sem querer.
Eu sei que sou sua, mas quem disse que saber é ter certeza?
Eu sei que você ama a mim,
mas seu olhar era diferente quando primeiramente toquei-lhe assim.
Nunca pedirei aquilo que não pode me dar,
mas o que preciso lhe peço sem hesitar: dá-me de volta seu olhar.
Olha para mim como fez naquele dia em que descobrimos o amor.
Olha para mim com leveza,
separa seus olhos de sua dor
para que eu busque força em você.
Não se esqueça que além de seus olhos estou eu.
Preciso de seu olhar.

Carla Medeiros